Tenho saudades da quintinha, de plantar, cavar, sachar, regar... A loucura de ter a minha própria horta foi das melhores coisas que vivi.
Ensinada pelo avô, que me dizia o que semear, como e quando. Acompanhada pelo amigo de sempre ( hoje marido ♥ ), que trabalhou a meu lado, concordando com as loucuras todas que me lembrava. Fizemos o portão de entrada com madeira, pregos e martelo, improvizámos uma caldeira para banhos quentes no fim do dia, limpámos o terreno todo, mas faltava alguma coisa para esta aventura ter mais sentido. O quê? A quintinha tinha uma ruína inabitável, então qual seria a solução? Uma caravana. Pois bem, um dia de manhã fui ver caravanas. Negociei (fiz-me de entendida e especialista em caravanismo) e comprei a mais mimosa que lá estava. Agora sim, viviamos na quintinha. Equipada com fogão, frigorífico, lava-loiça, wc, roupeiro, aquecimento e camas, depressa se tornou na casa perfeita.
Foram meses fantásticos, comendo e oferecendo aquilo que plantámos com muito carinho. Cenouras, beterraba, alhos, bróculos, pepinos, tomates, pimentos, nabos, melancias, melões, milho (taaaanto milho), abóboras, couves e salsa. Aprendemos como combater as pragas com métodos ancestrais, a regar de rojo (técnica de rega com regueiras feitas na terra), a podar as árvores de fruto, a controlar as ervas daninhas ( mais que muitas) e tudo o mais natural possível, sem adubos nem pesticidas.
As ervas aromáticas e as tisanas perfumavam as tardes quentes. O limoeiro gigante dava a sombra da hora da siesta, que era aproveitada nas espreguiçadeiras recuperadas por nós. Os poucos vizinhos que lá há adoptáram-nos de braços abertos e as crianças visitavam-nos todos os dias.
Foi maravilhoso o que vivemos naqueles Verões. O aprendizado jamais será esquecido e espero que muito em breve estejamos de novo em contacto com a terra. Espero mesmo (mesmo, mesmo, mesmo).